sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

PROJETO VALE DA PONTE DOS ARCOS


PROJETO VALE DA PONTE DOS ARCOS
Ano: 2013
Projeto e execução: José Balan Filho
Texto e fotos do autor, menos a primeira foto com crédito indicado. 
(Clique sobre as fotos para ampliar)

O módulo objeto desse projeto é apenas uma pequena fração da maquete que um amigo está construindo no subsolo da sua casa.
Para dar "uma força" vários amigos da Associação Paranaense de Ferreomodelismo e Memória Ferroviária tem-se reunido para colaborar na execução do trabalho.
A parte que me cabe escolhi aleatoriamente dentro de um projeto imenso que toma todo o subsolo.
Só para que se tenha uma ideia o módulo inteiro mede menos de meio metro quadrado...

DE ONDE VEIO A ESCOLHA DA PONTE?

A ponte que escolhi para o projeto foi inspirada na Ponte dos Arcos de Balsa Nova, projeto fantástico de 585 metros de comprimento por 60 de altura, uma obra prima de engenharia que já tem meio século.





 1° PASSO – Escolhendo um trecho da maquete.
Na foto abaixo, mostro, na maquete, o local que escolhi para fazer o módulo. O formato irregular que defini (na hora não me dei conta...) transformou-se num desafio maior  para executar a caixa e fazer o paisagismo.

Com uma folha de papel manteiga fiz um gabarito do formato escolhido, ressaltando o local exato onde passariam os trilhos. Esse desenho foi fundamental para a execução correta da caixa e para a perfeita localização da ponte.
Para fazer a caixa utilizei MDF de 6 mm nas laterais e no fundo. Na parte da frente, devido à necessidade da curvatura, usei  MDF de 4 mm.
 

Na foto abaixo a primeira estrutura da ponte, já com a curvatura e altura corretas, obedecendo rigorosamente o gabarito.

 Na etapa seguinte reforcei a parte superior da ponte, para ficar com uma espessura dentro da escala 1:87.

Técnica: fabricando os arcos:

Seria impossível fazer os arcos sem um novo gabarito, uma vez que além da curvatura dos arcos há, ainda, a curvatura da própria ponte.

Para fazer os arcos utilizei três camadas de estireno de 2 mm, coladas entre si com Super Bonder.


Com o arco colado e preso ao gabarito lixei os dois lados para nivelar as lâminas de estireno.
 

Nas duas fotos seguintes todos os arcos já estão em seus devidos lugares, inclusive com a reprodução do reforço em vigas verticais da ponte original (à direita da foto).
A parte mais grossa onde se apoiam os pilares da ponte, determinam o nível de todo o paisagismo, como o rio e a cascata.

Na etapa seguinte executei os reforços dos arcos, que foram simplificados para o conjunto ficar mais harmônico e menos  pesado visualmente, uma vez que essa ponte é bem mais curta do que a original. As colunas foram feitas com estireno quadrado de 3 mm e a base de apoio das 4 colunas com madeira balsa.


Nesta foto um detalhe dos reforços.


Na foto seguinte reforcei a base dos arcos. Observe que já indiquei com um lápis qual seria a altura do relevo.


Nas laterais da ponte apliquei estireno de 1 mm. Também não foi esquecido o recuo de segurança para algum andarilho distraído...


Antes da pintura do fundo com tinta automotiva na cor cinza, lixei toda a ponte para que houvesse melhor aderência da tinta ao estireno.


O passo seguinte foi fazer a base do relevo  com isopor. As peças recortadas foram coladas à caixa com cola PVA. Convém observar que a parte do fundo, atrás da ponte, há um sulco por onde passará o rio. O sulco foi executado com soprador térmico, conforme pode ser visto na foto abaixo.  Na etapa seguinte esse sulco foi alisado e recebeu massa acrílica, aplicada com um pincel.



Após a etapa do isopor, veio a colocação das pedras. As pedras foram feitas com gesso utilizando os moldes C1236 (Classic Rock) e C1243 (Base Rock) da Woodland Scenics .
Embora no cenário apareça uma quantidade muito grande de pedras, basicamente elas saíram desses dois moldes. As pedras foram recortadas, quebradas, às vezes esculpidas para mudar o formato, mas tiverem como base os dois moldes citados acima. Algumas pedras (bem poucas) saíram de outros moldes que fiz para a Cidade Ferroviária.



Técnica: como aplicar “atadura gessada”:

Antes do assentamento das pedras, o Isopor recebeu três camadas de “atadura gessada” para dar consistência ao conjunto. Após seca, essa cobertura de “atadura gessada” recebeu diversas demãos de massa  acrílica. Essas ataduras são compradas em lojas que vendem suprimentos médicos.

A utilização da atadura gessada é muito simples: corta-se em pedaços, molha-se durante um segundo na água, e aplica-se sobre o relevo, que pode ser de isopor ou papel. Com os dedos deve-se espalhar o gesso que impregna a malha e que foi amolecido pela água. Conforme a atadura vai secando, é possível trabalhar com ela dando-lhe formatos diversos. Isto ajuda no resultado final do relevo.




Nas duas fotos abaixo mostro com ficou o cenário com as pedras principais em seus lugares.
Algumas pedras (ou pequenas elevações) foram feitas com a própria atadura gessada.


Na foto abaixo o conjunto com todas as pedras






Técnica: pintando as pedras com a técnica “leopardo”:
Na etapa seguinte pintei todas as pedras, utilizando a técnica “leopardo”.
As tintas utilizadas da Woodland, foram as seguintes: Stone Gray (C1218), Slate Gray (C1219), Burnt Umber (C1222), Yellow Ocher (C1223) e Black (C1220). Para fazer as partes  marrons,  mais escuras, sempre na base das pedras, utilizei Pó Xadrez diluído em água.
A técnica consiste em escolher uma coloração principal (tonalidade dominante) e  com ela fazer diversas “manchas” na pedra. Aplicar as demais cores escolhidas, preenchendo os espaços livres. Com a cor dominante mais “aguada” fazer a mixagem das cores. Obtida a pintura desejada aplica-se uma boa camada de Matte Medium, que é uma cola transparente produzida pela Model Landscaping Supplies (Scenic Express). Quando a cola estiver seca (esperar 24 horas) aplica-se a cor Black diluída  (1 parte de tinta x 32 partes de água). Imediatamente-  com um pano seco - limpa-se a pedra deixando apenas a tinta que penetrou nas trincas e pequenas fissuras da pedra. O objetivo dessa camada é ressaltar as trincas e fissuras da pedra. Quando a tinta estiver seca aplica-se uma nova camada de Matte Medium para selar todas as cores. O link da Woodland que ensina a utilizar essa técnica é o seguinte: http://youtu.be/3SfP4RpcDYw


  

As áreas que vão receber gramados, arbustos e árvores foram pintadas com  Green Undercoat da Woodland Scenics (C1228).


Na foto abaixo mostro a aplicação da primeira camada de gramado, utilizando a textura Blended Turf (Green Blend – T1349). Ressalto que as pedras receberam a última camada de tinta para realçar as fissuras.


Chamo a atenção para as duas partes escuras da foto acima. É o fundo das duas pequenas cascatas, conforme destaco abaixo.

Esse fundo foi realizado para destacar a água que cairá em forma de cascata. A cor escura no fundo, além de tentar representar aquele musgo que cresce nas pedras onde há muita umidade, vai servir para dar destaque à cortina d’água.

Técnica: como fazer o fundo da cascata:
A execução desse fundo foi assim: Apliquei com pincel uma grossa camada de massa acrílica, devidamente colorida com a tinta Stone Gray  C1218, da Woodland. Sobre a massa acrílica fixei os tufos de Lichen (Dark Green L164) em camadas bem finas. Depois que a massa acrílica secou recortei os excessos de Lichen e borrifei uma camada de cola Matte Medium  seguida de Coarse Turf (Medium green T1364) e outra camada de Blended Turf (Green Blend T1349). Esperei 24 horas para a secagem e,  para fixar todo o conjunto, utilizei novamente o Matte Medium.A pequena cachoeira, na parte da frente da maquete, também foi executada com a mesma técnica.Ao lado da cascata apliquei Maple foliage spring (930-21) da Silflor.


 A mesma vegetação foi aplicada dos dois lados da cabeceira da ponte, conforme mostro nas fotos abaixo. Chamo a atenção para novas pedras (Rock Debris C1275-medium brown, C1270-fine buff, e C1276, coarse brown),  e pedaços de árvores secas ( Dead Fall S30), que foram colocados em diversas partes do rio e do remanso à frente da pequena cachoeira. As pedras mais claras que aparecem nas fotos receberam pintura na etapa seguinte. Todos são  produtos da Woodland Scenics.


Após as etapas acima passei a fixar em seus lugares a vegetação mais densa, como moitas, trepadeiras e árvores. Os materiais utilizados foram Green Blend Blended Turf, Coarse Turf e Underbrush. Depois acrescentei Clump Foliage e pequenas árvores, em duas cores  Fine-Leaf Foliage olive green F1133 e médium green F1131. As trepadeiras da foto acima (Maple foliage spring) são da Silflor, código 930-21. As outras trepadeiras são da Woodland (foliage light green e médium green, códigos  F51 e F52.





Após essa etapa adicionei ao rio a primeira camada de resina, com pouco catalizador para evitar a formação de ondulações (a cada 100 ml de resina, apenas 10 gotas de catalizador). Na preparação da resina adicionei um pouco de parafina líquida (10 gotas para 100 ml de resina) para que ao final da secagem a resina não fique grudenta.  A mistura dos elementos deve ser cuidadosa para evitar a formação de bolhas.
Após a secagem da primeira camada de resina passei a adicionar volume à vegetação. Isso foi feito com novs árvores de Fine Leaf Fopliage, de diversas cores e tamanhos, cuidando sempre com a harmonia do conjunto.  Essa vegetação foi adicionada tanto na frente como atrás d ponte. O resultado é o da foto seguinte. A foto não ficou bem iluminada porque ela estava num ambiente onde não havia possibilidade de receber iluminação adicional.

Como pode ser visto na foto seguinte, adicionei pequenas moitas de capim dentro do rio (ref 727-32 da Silflor) para que fossem levemente cobertos pela água e desse o aspecto “molhado” dessa vegetação que fica meio submersa.
Observem que dei volume à vegetação que cobre a base dos pilares. No pequeno remanso também dá para ver o detalhamento com novas pedras, moitas de capim e galhos de árvores trazidos pela água.

A pintura do fundo do rio é uma etapa muito importante para se obter um cenário realista, indicando profundidades e áreas de água parada.

Técnica: como obter profundidade na água:
Pinta-se o fundo do rio com tinta mais escura onde se pretende obter mais profundidade. O “degradé” da tinta, indo da cor escura até mais clara, vai indicar que o rio diminui a profundidade até chegar à margem.
Para dar mais realismo pode-se fazer manchas no fundo do rio, que simulam vegetação apodrecida, lodo, etc.  A colocação de pequenas pedras, troncos e vegetação submersa dá o visual pretendido a uma área bem úmida da maquete.
Convém observar que a vegetação está praticamente pronta, inclusive com as trepadeiras subindo pelos pilares da ponte.
 


Para complementar o cenário, adicionei vegetação sobre as pedras (Fine-Leaf Foliage) variando apenas em cor, tamanho e textura. As cores de vegetação utilizadas foram “light, médium e dark green”.

Na parede de pedras do fundo,  imaginei a existência de uma mina com a água escorrendo em lâmina bem fina pelas rochas. O resultado foi obtido com repetidas demãos de “Realistic Water” (ref  C1211) da Woodland sobre as pedras.


Na foto abaixo, que registra o outro lado do rio, nota-se bem o cuidado na pintura do fundo do rio e nos demais elementos da paisagem.
Para complementar adicionei entre as árvores alguns produtos que resultassem naquela textura composta de fragmentos de galhos e folhas. Os produtos utilizados, todos da Scenic Express,  foram Adirondack blend EX9078 (green), Scrub grass blend X882B e Dead fall forest debris EX896B.
 

Depois dessa fase apliquei mais uma camada de resina. Por que a aplicação é feita em camadas? Porque a resina reage com o catalizador e seca através de uma reação química. Se colocarmos uma camada grossa demais, a resina parte, faz fissuras, e nem sempre é fácil corrigir isso. Então, a técnica é ir colocando camadas finas.
Normalmente, para um trabalho de laminação ou cópias em molde, utiliza-se 40 gotas de reagente para cada 100 ml de resina. Nesse projeto diminuí para 20 gotas. Fazendo isso consigo diminuir a ondulação da resina, e ela demora um pouco mais para secar. Isto não é problema já que não preciso esperar a resina secar totalmente para adicionar a outra camada. Aliás, se a camada anterior ainda não está bem seca, facilita a aderência da camada seguinte.

Técnica: Como fazer as cascatas?

A técnica que utilizo é a recomendada pela Woodland. Sobre uma forma com Teflon aplico várias camadas paralelas de  Water Effects (C1212).



Com um pedaço de pente faço a mistura do produto procurando imitar o movimento da água quando cai na cascata. Depois de seca fica transparente, como se vê na segunda foto.
Faço isso para dar volume à cascata, já que é possível aplicar um pigmento branco ao produto Water Effects, que já ficará com a cor e a consistência definitivas.
 
 




É importante ressaltar que convém fazer  a cascata no tamanho correto (altura e largura) bastando para isso apenas medir o local onde a cascata vai ser aplicada. O corte posterior da cascata já pronta deixa marcas difíceis de serem corrigidas.

Fixando a cascata:

A fixação da cascata ao lugar reservado para ela se dá com o próprio produto. Aplica-se Water Effects na parte superior da cascata, e com os dedos comprime-se no lugar para dar aderência.

Na sequência pode-se dar continuidade ao paisagismo aplicando Water Effects para dar movimento à água.
Como afirmei acima, costumo aplicar uma primeira camada sem o pigmento branco, para dar volume e demarcar a área que vai receber o Water Effects definitivo. Veja foto abaixo.


Após essa etapa faço a aplicação de Water Effects para dar movimento à água. Nas fotos abaixo isto está sendo feito na parte alta e na parte baixa da cachoeira. A mesma técnica foi aplicada nas duas cachoeiras abaixo da ponte.      


Quando secou o detalhamento das cascatas, apliquei a última camada de água, utilizando o produto Realistic Water. Na aplicação convém despejar a água com o uso de uma vareta (foto abaixo) para evitar que o produto respingue nas plantas.


O visual, antes da secagem completa da Realistic Water é o que está registrado nas fotos abaixo.




DAQUI PARA A FRENTE APRESENTO ALGUMAS FOTOS DO PROJETO CONCLUÍDO.

Detalhes da mina na parede de pedras



A aplicação da técnica correta permite a impressão da transparência, água parada,
 umidade, lodo, etc.



Detalhe da vegetação crescendo sobre as pedras


Outra visão da mina



Os materiais da Woodland são indispensáveis para conseguir
 esse efeito da cascata com o movimento da água



As pequenas cachoeiras, com a secagem completa do Water effects,
ficarão com a tonalidade correta


Mais duas vistas diferentes da ponte



Detalhes da umidade sobre as rochas



E, FINALMENTE, UMA FOTO DO PROJETO COMPLETO... UFA!









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